Ontem pelas 13h00
no Palácio de los Águila (Ciudad Rodrigo) foi inaugurada a exposição “Fortificaciones, poblados y pizarras. La Raya
en los inicios del Medievo”, pelo projecto Fortific-Arte, do
Consórcio Transfronteiriço de Cidades Amuralhadas, a Câmara Municipal de
Almeida e o Ayuntamiento de Ciudad Rodrigo, tendo como comissário o professor
Iñaki Martín Viso da Universidade de Salamanca.
A exposição tem
como objectivo dar a conhecer uma parte da história que tradicionalmente se tem
considerado muito obscura: a Alta Idade Média. Graças aos trabalhos
arqueológicos mais recentes e às novas linhas de investigação, tem vindo a ser
possível lançar luz sobre estes séculos sombrios, posteriores à queda do
Império Romano do Ocidente.
Neste contexto,
fruto dos labores do PramCV em colaboração com a Câmara Municipal de Castelo de
Vide, uma selecção de peças arqueológicas castelo-videnses integram a
exposição.
Face à escassez de
contextos camponeses alto-medievais conhecidos na Península Ibérica, as
realidades arqueológicas de Castelo de Vide merecem o devido destaque. No vídeo
de divulgação apresentado no espaço da exposição são também referidos os
trabalhos em Castelo de Vide, como ponto de comparação com o povoado camponês
de La Genestosa (Casillas de Flores, Salamanca), intervencionado no âmbito de
um projecto de investigação da Universidade de Salamanca:
https://www.youtube.com/watch?v=5Talvz_Ksfo
(a partir do minuto 5:30)
Proximamente será
publicado o catálogo da exposição onde serão incluídos textos da
responsabilidade dos investigadores que trabalham os contextos apresentados.
As peças
arqueológicas castelo-videnses em exposição foram recuperadas em trabalhos de
escavação levados a cabo pela SACMCV (Secção de Arqueologia da Câmara Municipal
de Castelo de Vide) nos anos 90, na zona da Barragem de Póvoa e Meadas,
nomeadamente, na Tapada do Manuel Antunes e nos Remendos do Manuel Antunes.
De facto, a zona da
actual albufeira é marcada por uma profusão de vestígios de várias épocas
históricas. Para o período alto-medieval reconhece-se um conjunto
impressionante de vestígios de casas, associadas a muros de pedra que delimitam
parcelas agrícolas, currais para o gado e ainda lagares de azeite. Junto a
estas estruturas encontram-se sepulturas escavadas na rocha, e também
sepulturas de lajes, normalmente em pequenos grupos. São os vestígios de zonas
de enterramento próximas das áreas domésticas, como uma
espécie de panteão familiar. Estes vestígios são evidência de que esta área foi
intensamente ocupada por comunidades de camponeses durantes os séculos VI e
VII.
Os contextos arqueológicos alto-medievais reconhecidos na área da Barragem de Póvoa e Meadas encontram muitos pontos de contacto com o modelo de povoamento que se caracterizou na área do Vale de Galegos, na sequência das escavações arqueológicas levadas a cabo pelo PramCV, em sítios como a Tapada das Guaritas e a Tapada das Freiras.
Os contextos arqueológicos alto-medievais reconhecidos na área da Barragem de Póvoa e Meadas encontram muitos pontos de contacto com o modelo de povoamento que se caracterizou na área do Vale de Galegos, na sequência das escavações arqueológicas levadas a cabo pelo PramCV, em sítios como a Tapada das Guaritas e a Tapada das Freiras.
A possibilidade de
cruzar os dados obtidos nos trabalhos mais antigos da SACMCV com a informação
recuperada no âmbito do PramCV tem permitido obter uma imagem cada vez mais
clara do passado deste território, e reconstruir os modos de vida das
comunidades de camponeses que viveram em Castelo de Vide no período
alto-medieval.
Notícias sobre a
exposição: